Psicose é um transtorno que se caracteriza pela desconexão com a realidade, dependendo da intensidade da psicose. Um indivíduo com uma psicose interpreta as coisas de forma que para as pessoas ditas normais, não se encaixa na realidade; há perda do senso da realidade.
Este transtorno pode levar mesmo a que o indivíduo fique incapacitado para responder a situações da vida quotidiana.
Como se caracteriza a psicose?
Esta doença provoca falhas na comunicação, na afectividade, no auto-controlo, no raciocínio, na memória e, principalmente na linguagem.
O delírio é o principal sintoma desta doença.
Esquizofrenia
A Esquizofrenia é uma doença da personalidade que afecta a zona central do eu e altera toda a estrutura vivencial. Culturalmente, o esquizofrénico representa o estereótipo do "louco", um indivíduo que pode produzir grande estranheza social devido ao seu desprezo para com a realidade. Age como alguém que rompeu as amarras da concordância cultural, o esquizofrénico menospreza a razão e perde a liberdade de escapar às suas fantasias. Ao contrário do que por vezes se pensa, esquizofrenia não é dupla personalidade.
Como começa?
A esquizofrenia pode desenvolver-se gradualmente, tão lentamente que nem o paciente nem as pessoas próximas percebem que algo está errado: só quando comportamentos abertamente desviantes se manifestam. O período entre a normalidade e a doença deflagrada pode levar meses.
Por outro lado há pacientes que desenvolvem esquizofrenia rapidamente, em questão de poucas semanas ou mesmo de dias. A pessoa muda o seu comportamento e entra no mundo esquizofrénico, o que geralmente alarma e assusta muito os familiares e pessoas mais próximas.
Não há uma regra fixa quanto ao modo de início: tanto pode começar repentinamente e eclodir numa crise exuberante, como começar lentamente sem apresentar mudanças extraordinárias, e somente depois de anos surgir uma crise característica.
O que causa o aparecimento da doença?
Sabe-se, actualmente, que a doença não é causada por um único factor. Existem assim diversas teorias que surgem como causa do aparecimento desta doença, referiremos aqui algumas das principais, de entre as muitas que existem:
- Teoria genética – esta teoria admite que os genes podem contribuir para o surgimento da doença, ainda assim, não justifica tudo já que grande parte dos esquizofrénicos não tem historial familiar de esquizofrenia.
- Teoria neurobiológica – segundo esta teoria, a esquizofrenia é essencialmente causada por alterações bioquímicas e estruturais do cérebro. Daí, a esquizofrenia poder ser desencadeada por alguns fármacos.
- Teoria psicanalítica – esta está na base das teorias freudianas e defende que a ausência de relações interpessoais satisfatórias estaria na origem do aparecimento da esquizofrenia.
Quem afecta?
Inteligência: Ao contrário do que se possa pensar a esquizofrenia, não é de forma nenhuma uma doença que só afecta pessoas de baixo Q.I., o génio não é dispensado.
Factores geográficos e culturais: Não há um grupo cultural imune, embora o curso da doença pareça ser mais severo em países desenvolvidos e/ou em desenvolvimento.
Factores sócio – económicos: A doença ocorre tão frequentemente, em pessoas divorciadas, solteiras, bem como em casados e viúvos. E não há um escalão sócio -económico para a existência da doença, afecta tanto classes altas, baixas ou médias.
Idade e sexo: A esquizofrenia é uma doença que afecta ambos os sexos sem que nenhum tenha maior probabilidade que o outro. É uma doença que geralmente se desenvolve na adolescência, entre os 15 e os 25 anos, mas por vezes surge já na fase adulta, entre os 25 e os 35 anos, não sendo provável que apareça mais tarde.
Reconhecer o início da esquizofrenia:
Dificuldade em dormir, altern ância do dia pela noite ou, mais raramente, dormir demais.
Isolamento social, indiferença em relação aos outros.
Perda das relações sociais que mantinhaPeríodos de hiperactividade e outros de inactividade.
Dificuldade de concentração chegando a impedir o prosseguimento nos estudos.
Dificuldade de tomar decisões e de resolver problemas comuns.
Preocupações não habituais com ocultismos, esoterismo e religião.
Hostilidade, desconfiança e medos injustificáveis.
Reacções exageradas às reprovações dos parentes e amigos.
Deterioração da higiene pessoal.
Viagens ou desejo de viajar para lugares sem nenhuma ligação com a situação pessoal e sem propósitos específicos.
Envolvimento com escrita excessiva ou desenhos infantis sem um objectivo definido.
Reacções emocionais não habituais ou características do indivíduo.
Falta de expressões faciais (Rosto inexpressivo).
Diminuição marcante do piscar de olhos ou piscar incessantemente.
Sensibilidade excessiva a barulhos e luzes.
Comportamento estranho como recusa em tocar as pessoas, penteados esquisitos, ameaças de auto-mutilação eferimentos provocados em si mesmo.
Mudanças na personalidade.
Abandono das actividades usuais.
Incapacidade de expressar prazer, de chorar ou chorar demais injustificadamente, rir sem motivo.
Abuso de álcool ou drogas.
Atenção:
Um único sintoma não é específico da Esquizofrenia. O diagnóstico depende de um conjunto muito vasto de sintomas e comportamentos, bem como da leitura do médico, não havendo assim um protótipo de esquizofrenia.
Sintomas
Existem dois tipos de sintomas em esquizofrenia, os positivos ou produtivos e os negativos. Esta divisão tem como referência o considerado como a “normalidade”. Brevemente, os sintomas positivos são aqueles que não deviam estar presentes e os negativos são a falha, ou seja, aquilo que devia estar presente e a funcionar correctamente e não está. Ainda assim nenhum destes dois tipos de sintomas é considerado desejável.
- Sintomas positivos/produtivos – os sintomas considerados positivos ou produtivos são aqueles nos quais as ideias não se encaixam na realidade. São essencialmente alucinações, delírios e perturbações do pensamento (discurso e pensamento desorganizado; dificuldade em organizar ideias e ter um discurso perceptível). Destes fazem ainda parte o comportamento agressivo.
- Sintomas negativos – são aqueles que impedem a pessoa de praticar funções normais; são resultado da diminuição das capacidades mentais. Por exemplo, em casos graves, o indivíduo quando se está a vestir, pode ficar baralhado e questionar-se sobre o que deverá calçar primeiro, se a meia ou o sapato. Pode ainda reflectir-se na ausência de emoções e isolamento social.
Estes sintomas confundem-se muitas vezes com depressão, a diferença é que na depressão estes sintomas diminuem ou desaparecem com medicação adequada e na esquizofrenia o mesmo não acontece.
Violência em esquizofrenia
Alguns esquizofrénicos podem em situações de crise tornar-se violentos, até porque muitas vezes os seus delírios fazem-nos sentir-se ameaçados e por isso reagem violentamente às pessoas que, pensam eles, constituem uma ameaça para si. Mas nem todos os esquizofrénicos são violentos em situações de crise; podem estar em crise e ainda assim não apresentar um comportamento violento. Esta violência pode ser física ou verbal.
Que tipos de esquizofrenia existem?
Existem seis tipos de esquizofrenia:
- Paranóide
- Hebefrénica
- Catatónica
- Residual
- Simples
- Indiferenciada
Diagnóstico:
Não há um exame que diagnostique precisamente a esquizofrenia, isto depende exclusivamente dos conhecimentos e da experiência do médico, portanto é comum haver conflitos de diagnóstico. O diagnóstico é feito pelo conjunto de sintomas que o paciente apresenta e a história como esses sintomas foram surgindo e se desenvolvendo. Existem critérios estabelecidos para que o médico tenha um ponto de partida, uma base onde se sustentar, mas a maneira como o médico encara os sintomas é pessoal. Um médico pode considerar que uma insónia apresentada não tenha maior importância na composição do quadro; já outro médico pode considerá-la fundamental.
A esquizofrenia tem cura?
Embora não se possa falar em cura, tal como se conceitua a cura total na medicina, a reabilitação psicossocial da grande maioria desses pacientes tem sido evidente.
A medicação
O esquizofrénico, deve ser devidamente acompanhado e medicado, pois a medicação:
1. Elimina vozes e visões.
2. Elimina crenças entranhas e falsas (delírios).
3. Diminui a tensão, a agitação e os comportamentos violentos.
4. Ajuda a pensar com clareza e a concentrar-se melhor.
5. Reduz os medos, a confusão e a insónia.
6. Ajuda a falar de forma coerente.
7. Ajuda a sentir-se mais feliz.
8. Ajuda a que se comporte de forma mais adequada
9. Diminui a necessidade de internamento.
Internamento
O internamento é indicado nos momentos de crise ou de surto agudo, quando o esquizofrénico não tem controle sobre si mesmo. Deve ser o mais curto possível, é suficiente um mês ou mês e meio para controlar as manifestações mais graves da doença. Não se recomendam internamentos prolongados ou "para sempre".